Até hoje Ciro diz que dentro da Polícia Militar existe uma milícia, mas não prova
Fonte: Ceará News
A possibilidade de o ex-governador do Ceará Ciro Gomes assumir o comando da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), em substituição ao delegado federal Delci Teixeira, causou um a reação imediata na tropa da Polícia Militar. Oficiais e praças estão mobilizados a ameaçam paralisar imediatamente as atividades da Corporação caso o fato seja consumado.
O governador Camilo Santana (PT) não está propenso a admitir a mudança, mas sendo pressionado pelos Ferreira Gomes. Oficiais do alto escalão – coronéis e tenentes-coronéis – já se reuniram informalmente e decidiram que, caso a nomeação de Ciro aconteça – todos entregarão seus cargos de comando e assessoramento imediatamente. Já a tropa de rua foi mais além: Ciro assume e a PM paralisa.
Esta não é a primeira vez que Ciro Gomes tenta emplacar seu nome no comando da SSPDS. No segundo mandato de seu irmão Cid Gomes como governador do estado, chegou a prestar uma “assessoria” à Pasta, embora sem aparecer publicamente em tal função.
Nos bastidores da Polícia Civil, o nome de Ciro Gomes também é rejeitado, principalmente pelos delegados.
Milícia
Durante a campanha eleitoral para governador, Ciro Gomes desferiu repetidas acusações graves à tropa da PM, alegando que dentro da Corporação existia uma milícia responsável pelo crescimento das taxas de homicídios na gestão do irmão. E apontava o hoje deputado estadual Capitão Wagner (PR) como o “cabeça” da suposta organização criminosa fardada.
Ciro estimulou Cid a punir todos os PMs que tiveram a coragem de assumir publicamente serem eleitores do candidato opositor a Camilo Santana, o senador Eunício Oliveira (PMDB). E Cid aceitou. Determinou que a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos da Segurança Pública e do Sistema Penitenciário (CGD) instaurasse processos administrativos disciplinares (PAD) contra vários oficiais e praças. Alguns foram ameaçados de expulsão das fileiras da PM.
A real possibilidade de Ciro assumir a titularidade da SSPDS, por estar desempregado, e Camilo receber pressões de Cid Gomes, aflorou a mágoa da tropa com as acusações – não provadas – de que haveria na corporação uma “milícia”.
Ao assumir a chefia do Palácio da Abolição, Camilo Santana, no entanto, contrariou os Ferreira Gomes. Percebendo que havia recebido de Cid uma “herança maldita” em relação à Pasta da Segurança Pública, com taxas recordes de assassinatos, fez o contrário, buscou uma reaproximação do governo com os policiais militares e uma de suas primeiras providências foi determinar uma “anistia” aos militares que estavam sendo processados pela CGD. O passo seguinte foi encaminhar à Assembleia Legislativa a Lei das Promoções.
Contudo, o rancor da tropa em relação aos Ferreira Gomes, e, em especial, a Ciro Gomes, não desapareceu. Ainda assim, foram PMs que salvaram a vida do filho de Ciro, quando este foi baleado por marginais no Pré-Carnaval da Praia de Iracema, em janeiro último.
Por último, a tropa também não “engoliu” ainda, a recente exoneração do tenente-coronel Cícero Henrique Bezerra Lopes da subchefia da Coordenadoria de Inteligência Policial (CIP), órgão subordinado diretamente ao Estado-Maior da PM.
Tido com um dos mais preparados e atuantes oficiais de inteligência no combate ao crime organizado (responsável pela desarticulação de dezenas de quadrilhas), Henrique teria, na visão do governador Camilo Santana e seus aliados na Assembleia, cometido um “erro” ao prender o seqüestrador (e fugitivo da Justiça de Pernambuco) Fernando Soares Simplício, o “Fernando Borel”, que há mais de oito anos exercia a função de assessor no gabinete de um deputado estadual, recebendo, portanto, alto salário na folha de pagamento daquela Casa.
Definitivamente, a Polícia Militar abomina os Ferreira Gomes e está de “olhos bem abertos” diante das últimas e futuras decisões de Camilo Santana na área da Segurança Pública.
Por FERNANDO RIBEIRO